O custo de R$2,7 milhões para remunerar seis pesquisadores por ano pagaria 14 pesquisadores da FEE, incluindo todos os custos da CLT como férias e décimo terceiro. Esse é um dos números revelados na entrevista coletiva organizada pelo corpo técnico da Fundação de Economia e Estatística nesta terça-feira (8) para alertar sobre os prejuízos do contrato da Fundação privada paulista pelo governo gaúcho.

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Além dos valores praticamente dobrados para os cofres gaúchos, outros aspectos revelam o escândalo do tipo de contratação realizada: não existe possibilidade de comparação entre a FIPE e a FEE porque a Fundação paulista jamais calculou indicadores regionais; a linha do tempo elaborada pelos servidores mostra que o governo já combinava a contratação da empresa mesmo ciente de que não poderia demitir servidores e, portanto, iria sobrepor atividades; os apontamentos da PGE não foram observados e corrigidos, como a comprovação de experiência em objeto idêntico ao do contrato; e, um dos aspectos mais relevantes, o Rio Grande do Sul está pagando para transferir tecnologia a uma empresa paulista, ou seja, o Estado, pela primeira vez na história, vai pagar R$ 6,5 milhões de reais para dar consultoria, transferir metodologia e não o contrário.

coletiva 3Para o ex-presidente da FEE, no governo Antônio Brito, trata-se de uma inovação monumental, porque volta ao passado. “Em 1972 a FEE foi criada justamente para resolver a questão das contas regionais, para fazer o PIB. Nestes 44 anos, a FEE se transformou em uma referência na área. Por que então extinguir e contratar uma consultoria? Se contrata uma consultoria quando não se tem expertise para desenvolver metodologia. Neste caso, o RS está realmente inovando, contratando uma consultoria para que esta receba metodologia nossa, a peso de ouro.

 

coletiva 2A irracionalidade deveria ter um limite”, desabafa. Ex-presidente da FEE no governo Tarso Genro, Adalmir Marquetti chama a atenção para um fator decisivo nas estatísticas públicas: credibilidade. “A sociedade e a imprensa reconheciam esse valor na FEE, dados confiáveis, com qualidade e credibilidade. O que se apresenta agora é um lixo. Como confiar? Que credibilidade teriam esses dados produzidos? A FEE só contava com três cargos em comissão, justamente para garantir a isenção, a não contaminação política, o viés acadêmico e científico. Perdemos a pesquisa com credibilidade e isso terá um custo muito alto para o Estado”, afirma.

Ponto a ponto, os técnicos da FEE mostraram as inconsistências, retrocessos e custos exorbitantes. Todo o material analisado será entregue ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público de Contas. Acesse aqui a apresentação.

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